Pesquisadores da Universidade Estadual do Colorado desenvolveram um novo teste para a detecção do vírus Zika que não apenas é rápido e de baixo custo, como também é bastante sensível, sendo capaz de distinguir entre as linhagens africanas e asiáticas. Esta última é a linhagem que foi associada à microcefalia. Além de detectar o vírus nos mosquitos o teste também é capaz de detectar o vírus nos pacientes.
Como os surtos ocorrem geralmente em países pobres havia a necessidade– olha o problema técnico aqui! – de se desenvolver testes de baixo custo que não requeressem alta tecnologia.
Ao final da entrevista (3:55) o pesquisador explica que o teste foi publicado para o zika, mas que também se demonstrou que ele funcionaria para dengue, febre amarela e febre do Nilo – esse, portanto, seria o escopo de proteção se estivéssemos falando de uma patente – e que ele não via razão para que o teste não pudesse também ser estendido para outros tipos de vírus... – e aqui, é possível perceber o conceito de atividade inventiva! O pesquisador até utiliza a palavra obviamente (4:21). Isso significa que uma patente para um teste como esse para os demais vírus que não aqueles transmitidos pelo Aedes aegypti, não seria concedida, à princípio, porque ela seria considerada obvia para um técnico no assunto e, portanto, desprovida de atividade inventiva.
Assim, a sociedade ganhou um teste rápido e de baixo custo para detecção viral. Um teste que simplesmente não existia antes e que será muito bem-vindo. Em troca, no caso de haver patente, a sociedade arcará com o ônus do monopólio para o teste pelo período de 20 anos. Essa é a contrapartida paga pela sociedade aos inventores pioneiros. Mas, o direito de exclusividade se dará apenas para os vírus zika, dengue, febre amarela e febre do Nilo. A adaptação para os demais vírus, por ser óbvia, não receberá o prêmio de exclusividade.
Claro que essa exclusividade para o teste da Universidade Estadual do Colorado só será concedida se os examinadores de patente concluírem que eles merecem. A técnica de LAMP (loop-mediated isothermal amplification) já havia sido aplicada ao vírus da doença de Newcastle, uma doença que ataca aves em geral, sobretudo galinhas em cativeiro. Ao final do exame do pedido, pode-se até concluir que mesmo a adaptação para o vírus zika já foi ela própria óbvia! rs
Para o artigo original, Chotiwan, N. et.al. Rapid and specific detection of Asian- and African-lineage Zika viruses. Sci. Transl. Med. (2017) 9 (388): eaag0538 DOI: 10.1126/scitranslmed.aag0538
Para a técnica de LAMP no vírus de Newcastle: Pham, H. M. et.al., Loop-Mediated Isothermal Amplification for Rapid Detection of Newcastle Disease Virus. J Clin Microbiol. 2005 Apr; 43(4): 1646–1650. DOI: 10.1128/JCM.43.4.1646-1650.2005
http://www.genengnews.com/gen-exclusives/podcast-new-zika-test-shines-lamp-in-the-dark/77900901
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