top of page
Buscar

COMO EU DETERMINO A TECNOLOGIA QUE JÁ EXISTE?


Se vocês já assistiram ao meu vídeo sobre Como Inventar, sabem que a determinação da tecnologia existente é etapa crucial de qualquer processo inventivo. Afinal, você deve inventar algo que não existe, não é mesmo?


E como é que você faz para saber o que existe? Você busca!


Busca pelo o que? Qualquer documento vale. Desde que seja público. Pode até ser difícil de acessar, por exemplo, existir apenas em uma única biblioteca, mas o caráter de acesso dele não pode ser restrito, mas, sim, disponível ao público. Pode ainda ser pago. Público não significa gratuito.


Pode ser documentos da literatura não patentária, como artigos científicos, livros, resumos e comunicações de Congressos, Teses de Doutorado, Dissertações de Mestrado... E também pode ser documentos de patente. Tanto os documentos de patente que são pedidos, aquele documento inicial onde o inventor solicita proteção para tudo o que ele inventou quanto as patentes propriamente ditas, que já são documentos mais enxutos.


Isso tudo junto é conhecido como Estado da Técnica. Ou Estado da Arte.


Existem várias maneiras de buscar, desde as mais simples e gratuitas, até as bastante complicadas e caras! Eu sempre costumo dizer que devemos começar pelas simples e baratas. Se encontrarmos o que estávamos procurando, já economizamos tempo e dinheiro.


A maneira mais simples de buscar hoje em dia é o Google. Óbvio, não? Nem tanto. Porque não é aquele google comum nosso de todo dia. Mas, uma plataforma específica para quem quer inventar. Chama-se Google Patents.


Lá, você pode encontrar documentos patentários e também documentos não patentários, basta ticar o quadradinho que ele utiliza o Google Scholar para fazer uma busca conjunta. O melhor de tudo: é gratuito!


Como eu gosto sempre de começar pelo mais simples, então, eu costumo começar por palavras chave. Essa maneira de buscar tem um problema que é a língua que você vai utilizar. Eu utilizo sempre o inglês. Mas, apesar de ser praxe que os documentos contenham resumos em inglês, isso não é uma regra obrigatória de modo que a sua busca por palavras chave pode acabar deixando de fora algum documento importante. Tenha isso em mente.


Aqui segue um exemplo. Suponha que você queria buscar documentos sobre a doença da vaca louca, então, você pode digitar na barra do Google Patents o texto “bovine spongiform encephalopathy”.



Uma segunda maneira de se buscar, e a que mais comumente é utilizada pelos especialistas em patentes é a busca por classificação. O que é isso? Cada documento de patente no mundo recebe um ou mais códigos de acordo com a tecnologia que eles contêm. A principal vantagem da busca por classificação é que ela não faz distinção de língua. Não importa se o documento está em russo ou chinês.


Há duas classificações principais, a CPC e a classificação internacional, conhecida como IPC. Clicando nos links, você pode descobrir qual é a classificação da tecnologia do seu interesse. Em algumas áreas, a classificação é bem específica, gerando um retorno bem preciso.


Veja o resultado da busca quando se utiliza o código G01N2800/2828 que marca os documentos que se referem a doenças do Príon, caso da doença da vaca louca.




E você ainda pode combinar diferentes classificações, diferentes palavras-chave ou ambas as estratégias para afinar ainda mais a sua busca.


Se a sua invenção envolve uma sequência de nucleotídeos ou de aminoácidos, você pode utilizá-la para buscar. O blast é uma ferramenta bastante conhecida de quem trabalha com biologia molecular; o que não é tão conhecido assim é que ele tem um banco específico para patentes, circulado em vermelho abaixo:



Essa ferramenta te permite encontrar documentos de patente que descrevem moléculas de ácidos nucleico e de proteínas específicas.



Quem tem acesso ao Portal Periódicos da Capes pode, ainda, acessar gratuitamente a base Derwent, que contém resumos de documentos de patentes de cerca de 40 países e órgãos internacionais.



Os escritórios de patente também disponibilizam buscas em suas páginas: Estados Unidos, Europa, e também o Brasil, O Japão até disponibiliza uma ferramenta de tradução automática para o inglês.


Eu não pretendo aqui esgotar o assunto ”Busca”, até porque o ato de buscar pode ser realmente complicado. Pode-se buscar, buscar, buscar... e não encontrar nada! E nem assim se pode afirmar que algo não existe! Apenas que não se encontrou.


É a velha história do cisne negro: "todos os cisnes que temos visto são brancos e, portanto, todos os cisnes são brancos", até, obviamente, que se encontrou o cisne negro!


Assim, uma busca nunca é exaustiva. Eventualmente, se você realmente quiser patentear, é sempre recomendado contratar um especialista em buscas. Afinal, é mais provável que a busca do especialista seja mais exaustiva que a sua!


O mais importante aqui é mostrar que é possível encontrar bastante informação tecnológica de maneira gratuita, por meio de uma simples busca na internet. Você pode utilizar essa informação para copiar a invenção em seu laboratório ou como uma base para inventar você mesmo.


E para você que não é familiarizado com um documento de patente, o que você vai encontrar na sua busca é um documento parecido com este, veja:


Contém título, resumo, descrição, todos os resultados experimentais, além de todas as informações práticas: se foi concedida ou se é apenas um pedido, quem detém a tecnologia - se você quiser entrar em contato para obter uma licença - ou a data de depósito, que é a partir de quando começa a contar a vigência. Enfim, dá pra gastar um bom tempo explorando a enorme quantidade de informações à disposição!


Muita gente deixa para buscar somente no momento de patentear. Entretanto, o ideal é fazer uma boa busca inicial e, ao longo do processo de inventar, ir refazendo a busca periodicamente. Por isso, é importante que o inventor tenha pelo menos uma noção de como fazer uma boa busca caseira. Até para não confiar cegamente no prestador de serviço.


Resumindo, os bancos de patentes são uma excelente fonte de informação tecnológica. Oferecem informação pública e estão disponíveis de maneira gratuita na internet. Buscar essa informação é essencial para quem quer lidar com invenções de maneira a evitar re-inventar algo que já foi inventado antes. Todavia, esteja sempre ciente de que uma busca jamais é exaustiva, nem mesmo uma busca profissional. Foi este o objetivo dessa postagem: alertar que sempre pode haver um cisne negro a ser encontrado; portanto, busque sempre!

4 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page